Alguns anos atrás, enquanto
a pessoa mal se entendia por gente, fascinada por objetos a sua volta sem
entender o significado de cada um deles, simplesmente pelo fato de não saber
ler, ficava horas perguntando para qualquer adulto, ou letrado, o que estava escrito
em todo e qualquer lugar.
Nem reclamava ao ser levada
a cortar o cabelo, pois lá havia várias revistas em quadrinhos e passava vários
minutos olhando tudo e imaginando o que estaria escrito naqueles balões.
A ansiedade pelas letras
e/ou palavras era tamanha, que se decepcionou um tanto pelas dificuldades
iniciais para aprendê-las e, quando as superou, abriu-se um leque tão grande de
opções que a criança começou a ler de tudo, até embalagens de qualquer produto
a que tinha acesso, alimentício ou não.
A partir desse momento,
passou por algumas dificuldades, pois os pais não tinham o costume de ler,
tinham estudado poucos anos e o filho mais velho não tinha esse hábito de
leitura, não viam necessidade de suprir essa fome de conhecimento de sua filha.
E, nesse meio tempo, tiveram mais uma filha.
Então a criança teve de se
adaptar, ler o que tivesse ao seu alcance e se aventurar por caminhos
alternativos; mais uma de suas frustrações, que era não ter acesso fácil a uma
biblioteca, pois na escola em que estudava não havia e a Municipal ela só
poderia ir com amigos e quando tivesse algum trabalho escolar.
A vontade de ler era tamanha
que, chegava a ajudar sua mãe com as compras de feira e o peixe que vinha
enrolado no jornal, desembrulhava cuidadosamente, deixava o jornal secando e
depois lia a página inteira.
Chegou a convencer o pai,
algum tempo depois, a assinar um jornal, para pelo menos ter uma leitura
diária. E à medida em que foi crescendo, criou outras alternativas, como
revistas em quadrinhos, livros emprestados, livros em banca de jornais, até
começar a trabalhar e se acabar em comprar livros e mais livros.
Apesar de amar as letras,
amava mais os números e com isso, se tornou professora. Nesse meio tempo, os
livros ficaram encostados em um canto e passou a ver inúmeras séries de
televisão, de países como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Austrália,
dentre outros. Ano passado, retomou a paixão pelos livros.
E como sempre carrega livros
para todos os cantos, percebeu a curiosidade dos seus alunos em saber o que lia
e reparou em alguns, aquele sentimento que tanto lhe é familiar em se tratando
de livros.
Foi essa constatação que lhe
fez pensar nesse blog como um projeto pessoal.
Se na escola tem leitores e,
se é tão gostoso interagir e conversar sobre livros, por que não ser o elo
entre os leitores? Porque percebia que os leitores de uma mesma sala conversam,
mas raramente os vê trocando ideias com de outras turmas, mesmo tendo as mesmas
paixões literárias.
Com esse espaço, espera-se
que os leitores se encontrem e passem a interagir mais entre si e, quem sabe,
abranger uma rede de amigos espalhados pelo nosso país, com os mesmos gostos.
Então que comecem os
trabalhos. o/
Cintia Simizo é paulistana
que ama o frio e as grandes cidades e que, por ironia do destino, mudou-se para
Ribeirão Preto, que passou a ser seu lar amado, apesar do calor infernal. Ama
as letras e os números e por isso, passa a se questionar por vezes se é de fato
das exatas ou se daria melhor nas humanas. Recentemente passou de seriadora
maluca à leitora compulsiva, porém não consegue permanecer nas duas funções por
ser passional demais e não conseguir tempo para tanto nos dois hobbies.